quarta-feira, 28 de agosto de 2024

O pós-pandêmico de um não-sociólogo

Começo esse texto dizendo que parte essencial de eu estar gastando meu sagrado profano tempo de ócio escrevendo em um blog, é porque essa pérola viral da Menina do Ministério Etrom também tinha um blog em meados dos anos Y2K antes de enlouquecer. E se porventura eu venha a enlouquecer, cá estão meus registros sinceros e pessoais para futuros diagnósticos. Aliás, vi fragmentos desse blog através do Tik Tok. E essa rede social sim, tem a ver com o tema central do texto. 

Hoje eu arrisco meu eu-lírico imaturo da arte a tomar a liberdade de esmiuçar um assunto que cabe aos sociólogos. Algo sobre a pós-modernidade. Venha pensado nisso toda vez que meu eu está em estado de expansão, ou seja, quando me meto a me envolver com a Cannabis novamente. Minha ex namorada. Enfim. 

Eu me tornei mais observador nos últimos quatro anos. O Guilherme falante em excesso permaneceu, mas ele deu abertura para uma nova casca de observar mais > falar menos. Nem sempre funcionou. Mas eu me esforcei. Nessas muitas observações eu percebi um padrão que mudou desde 2020, quando passamos pela desgraça pandêmica da epidemia do COVID. Coisas como o obrigatório processo de migração de tudo tátil para o digital me fez roer as unhas. A gente acompanhou o analógico pro digital, mas o digital para o ultra digital assustava. Até pouco tempo atrás eu tinha medo do que a inteligência artificial poderia fazer com o mundo. Hoje, por exemplo, eu peço à mesma para corrigir meu uso de vírgulas antes de publicar um texto. 

As pessoas, que parte delas ficaram em quarentena, quando tomaram as doses das vacinas, começaram a tomar o tempo perdido em casa, perdendo o mesmo na rua. A criminalidade aumentou. Não visualizei nenhum dado preciso dos setores de Segurança, mas eu percebi que aumentou. O meu bar favorito da época da faculdade faliu nesse processo por excesso de ações com armas de fogo nele. Onde eu poderia novamente ser jovial? 

Uma reportagem que me fez chorar, foi sobre o futuro incerto dos circos, cultura esta que já estava morrendo. Era o fim da cultura efêmera e teatral. Dionísio sabe dos medos que nós, artistas das artes da cena, passamos em aposentar as carreiras mal começadas. 

Além disso as muitas uberizações do trabalho e todos os termos da época facilitaram o acesso para a era ultra digital. Essa que minha mãe, professora de primário, reclama. Reclama que os alunos que tiveram aula remota não tinham estrutura familiar suficiente e não foram devidamente alfabetizados. Fora as toneladas de comida que venceram em merendas escolares, estas que já são sucateadas por políticos corruptos que querem a privatização (a falta que as ratoeiras para adultos não faz né). 

Pois bem, tudo em pânico. As pessoas mais doentes. Sejam físicas ou mentais. Hoje psiquiatra por convênio é só para maio do ano que vem. As frases prontas e pensamento acelerado são um eterno….?? Do que estamos falando mesmo?

Fora os crimes cibernéticos que potencializaram com o acesso fácil e o tempo ocioso. E disso eu entendo, quem sabe, sabe.

Tudo isso, e muito mais eu venho chamando de Período Pós-Pandêmico. E com certeza algum sociólogo contemporâneo já deve estar estudando o feito. Mas esse retrato cru e singelo é de alguém que pensa constantemente nisso. E não, não é só pelo uso da Cannabis sativa. 

Hoje em especial, assisti um episódio trágico da minha pequena vila do Chaves (a minha cidade do interior) onde pessoas importantes foram vitimadas por crimes cibernéticos, e acho que isso que desencadeou a minha febre em escrever. A ânsia em botar o desgosto na mesa. Porque eu escrevo quando estou amargo. E esse amargo não é o mesmo de quando o COVID me fez parar de sentir o gosto da comida. É ainda mais estranho. Pós-dramático, Pós-pandêmico, Pós-Moderno. No fim, que se foda, deixem a sociologia para quem se importa com a mesma. 

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