segunda-feira, 4 de março de 2024

A pseudo-metáfora do Capitão Gancho sob tempos reflexivos

Cansei de ver crianças com coriza ganhando os presentes mais caros das lojas de shopping por pura implicância e explicação freudiana para no fim, brincarem com a caixa. se adolescer é como um murro no estômago, "adultescer" é como uma úlcera. dói, e aquela criança que antes tinha a desculpa da birra infantil para se apegar, agora precisa engolir seco. homem não chora. quantas repetidas vezes escutei essa maldosa frase? é claro que chora. faça o teste e tire um dente molar sem anestesia. ou lhe fure o mamilo com uma agulha de ponta espessa. arranque dele suas pessoas preferidas. lhe dê suco de wasabi ou o mande cortar cebola aniversariante (aquela que já passou tempos nos confins da geladeira). isso, não está para discussão de gênero e em demérito das mulheres. para este eu-lírico não há espaço de dúvida. mas desvencilhar esta ideia engendrada nos primeiros dez anos uterinos é de ranger os dentes. eu choro! e eu sou homem! hoje eu, por exemplo, já consigo apagar a luz de um cômodo e não sair correndo com medo do demônio. consigo conceber que a maioria dos demônios estão dentro da gente, e quem os alimenta somos nós. por vezes, me pego pensando na minha promessa-Peter-Pan que fiz aos sete anos: a de que nunca ia crescer. os hormônios e as responsabilidades são a metáfora precisa de Capitão Gancho nesse caso. outro injustiçado. 

as páginas online de piadas ultrapassadas gostam de apontar que ser adulto é só sobre pagar boleto(s). eu finjo risada quando algum sujeito nota 06 me re-conta essa piada. é sobre pagar boletos e o preço daquilo na qual você foi submetido anteriormente, na sua imaturidade demasiada. 

por exemplo, hoje eu tenho menos fôlego que antes devido a alta quantidade de cigarros que fumo diariamente. aliás, esse ano faz dez anos que convivo com minha amiga Nicotina. maldita amizade tóxica. 

além disso, o mais injusto, é quando você paga pelo preço do outro. pais de geração X que decidiram se casar por pura convenção social e que descarregaram um caminhão de traumas em um jovenzinho na primeira infância. ou posso ser mais infame e contar dos inúmeros casos de toques sexuais não solicitados e assédios tantos. mas não preciso.

as vezes, o preço que a gente paga por adultescer é muito mais denso do que apenas boletos. 

vivo o desprazer de criar relações na era menos tátil da história. receio dizer que nem nas muitas pandemias que a história apresentou estávamos tão sem contato. 

as relações esfriaram. acredito no aquecimento global pela fé na ciência e pela onda fria que as geleiras dos polos do globo emanam para as pessoas. romântico? nem tanto. 

hoje eu só gostaria de ser aquele pequeno jovem que brinca com a caixa. que dela vira um avião, um esconderijo de sereias, um vulcão, etc etc. mas não dá, os boletos estão aí para me impedirem. Capitão Gancho você me paga por concordar com piadas básicas.

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